Breve Caracterização

Localização
O município situa-se no flanco Sudoeste da ilha de Santiago, a 12 km da cidade da Praia. Tem uma superfície de 164 Km2, distribuída por duas freguesias: Santíssimo Nome de Jesus e São João Baptista. Partilha fronteiras com os municípios da Praia, São Domingos, São Lourenço dos Órgãos a este, São Salvador do Mundo e Santa Catarina a norte, e a oeste é banhada pelo mar

Caraterização Física
Do ponto de vista geomorfológico, caracteriza-se pela existência de Achadas (planaltos) com altitude média na ordem dos 200 metros que terminam de forma abrupta sobre os oceanos, o que explica o forte declive das falésias. Neste município, existem algumas ribeiras e vales profundos encaixados como acontece com os vales da Ribeira Grande, Ribeira de São João e Ribeira de Santa Clara. Do ponto de vista climático distingue-se pelo facto de apresentar uma acentuada aridez nas regiões litorais, onde se faz sentir uma forte ventania e escassez das chuvas contrastando com a cabeceira de Pico de Antónia que beneficia de maiores precipitações e, por conseguinte, de uma coberta mais significativa do que a existente nas regiões litorais.

Aspetos Históricos
O surgimento do município da Ribeira Grande de Santiago está intimamente ligado à expansão europeia. Historicamente, é o primeiro núcleo de povoamento instalado pelos portugueses na África Ocidental no séc. XV, por volta de 1460. As condições naturais, bons ancoradouros, vales verdejantes e profundos e disponibilidade em água mostraram-se favoráveis para o descanso e o abastecimento dos navios no processo de expansão europeia. Assim, serviu de plataforma de apoio à estratégia delineada pela então metrópole para prosseguir a sua expansão mais a sul e explorar as riquezas dos povos colonizados. Administrativamente, esteve sob a jurisdição do Município da Praia durante muitos anos, tendo adquirido a sua autonomia municipal em 2000. O seu passado rico em memórias e monumentos históricos estão na origem da sua classificação ao Património da Humanidade pela UNESCO, estabelecido desde 26 de Junho do ano de 2009.

Aspetos socioeconómicos
Este é um município fortemente marcado pela ruralidade, quer no modo de vivência das suas gentes, quer nas actividades praticadas pela população. Com efeito, uma franja importante da sua população dedica-se à agricultura de sequeiro, fortemente condicionada pelo regime de fraca precipitação, pelo que a produtividade é bastante fraca. Associado à prática da agricultura de regadio encontra-se a atividade da produção de grogue que constitui uma importante fonte de rendimento para as famílias. A agricultura é complementada com a pecuária e a pesca tradicional. O comércio é outra atividade desenvolvida, embora essencialmente baseada em pequenos negócios, do tipo de mercearias, vendas ambulantes de produtos que variam desde o pescado, aos produtos agropecuários frescos, transformados e peças de artesanato. Nos últimos anos, surgiram alguns serviços de hotelaria e restauração localizados no centro histórico e na sua envolvência.

Atrativos Naturais

Praia da Cidade Velha 


É uma praia localizada no terminal da Ribeira de Cidade Velha com aproximadamente 300m de comprimento e 3m de largura. Trata-se de uma praia de pequena dimensão, composta de calhaus rolados e água límpida. Pode-se aproveitar a praia para banhos de sol, desportos náuticos, barcos de passeios e corridas de botes. Também se pode promover a pesca.  

Vale da Ribeira de Cidade 
É um vale verdejante, coberto de coqueiros, cana sacarina e outras espécies de árvores que lhe confere uma caraterística peculiar no contexto de zona semiárida do litoral. Por estes factos, é geralmente considerado o “pulmão” da Cidade Velha. Aliada à cultura de regadio, produz-se neste local a aguardente. É um vale bastante fértil que possui um microclima local com potencial para se promover o agroturismo, as caminhadas, os piqueniques e a contemplação da paisagem.

Calabaceira (Embondeiro) 
É uma espécie arbórea oriunda da África continental tropical e subtropical que foi introduzida em algumas ilhas de Cabo Verde. Tem mais de 10 de altura e o perímetro pode ultrapassar os 4m, impondo assim na paisagem pela sua grandiosidade. Esta árvore reveste-se de um simbolismo próprio, pois terá sido um dos pontos de visita de um dos mentores do evolucionismo, Charles Darwin, na sua passagem por Cabo Verde, cujas descrições constam do diário deste cientista naturalista.

Praia de Caniço 
É uma praia de abrigo, de pequena dimensão, localizada a cerca de 2.5 km do centro histórico da Cidade e constituída essencialmente por calhaus rolados e areia negra. Esta praia não dispõe de infraestruturas básicas e serviços de apoio ao turismo. 

Praia de Cadjeta 
É uma praia situada na zona de S. Martinho Grande, de pequena dimensão e constituída por areia negra, água cristalina e calhaus rolados. Destaca-se pelo valor histórico, tendo servido durante algum tempo como ponto de apoio à aviação comercial (hidroaviões) entre Europa-América do Sul. É uma praia de fácil acesso, que, para além de servir de desembarque de pequenos botes de pesca artesanal, é utilizada para banho.

Monte São João 
É uma pequena elevação de 259 m de altitude, situada na zona de Achada Barnel. Dada a sua imponência paisagística e configuração geomorfológica, pode despertar curiosidade dos visitantes, sobretudo na época em que se reveste de verde.

Monte Facho 
Localiza-se na localidade de São Martinho. Possui 253m de altitude e é formado essencialmente por lavas basálticas, pertencentes à formação de Pico de Antónia. Possui uma vista panorâmica que permite contemplar uma parte significativa do município de Ribeira Grande. Tem um valor histórico considerável, pois foi um ponto estratégico de defesa da cidade, onde serviu de posto de vigia dos piratas que pretendiam aproximar-se da costa, devido ao campo visual que proporciona. O acesso é feito por estradas de terra batida, improvisada, sem sinalização e o percurso até ao topo é relativamente difícil e não é definido

Serra de Santa Clara 
Localiza-se na Ribeira de Serra de Santa Clara, na zona fronteiriça com o município de Santa Catarina. É um património geomorfológico constituído essencialmente por rochas basálticas que singulariza pela sua imponência paisagística e beleza cénica.

Gruta de Santa Clara 
Situa-se na Praia de Santa Clara e faz parte das sete maravilhas do município. Trata-se de uma gruta formada por lavas submarinas cuja origem se deve em parte à ação marinha. Tem a característica de apresentar a forma do continente africano invertido e pela curiosidade que pode despertar junto dos visitantes em saber que mistério existe para além desta gruta.

Ribeira de Santa Clara 
Trata-se de um vale com a forma de um canhão, com cerca de 8 km de extensão, cujo ponto mais alto atinge os 550 m de altitude. Estando dentro do vale, tem-se a sensação de estar completamente isolado do resto do mundo. Apresenta um coberto vegetal no fundo do vale, que no contexto da aridez onde se insere, constitui um autêntico oásis. Neste contexto, poder-se-á promover o turismo de natureza, de aventura e de contemplação e meditação. Poderão ser construídas ciclovias, promover os piqueniques e o campismo. 

Muro de São João Baptista 
É um relevo residual existente na localidade de Chã de Igreja, marcada pela disjunção colunar que se destaca pela sua singularidade e estética no contexto da geomorfologia local da ilha de Santiago. Este monumento natural pelas caraterísticas que detém, pode integrar o roteiro turístico científico. À sua volta é possível observar vestígios de bombas vulcânicas de grandes dimensões que testemunham a violência das erupções que estiveram na sua origem. A partir dali, pode- se apreciar uma paisagem árida ao longo da costa, o que pode ser conseguido através de caminhadas havendo, pois, a oportunidade para se criar um caminho pedonal com a indicação do circuito.

Ribeira de Santana

Localizada na vertente ocidental da Serra do Pico de Antónia, é um extenso vale de forma em “V” cuja cabeceira se situa ao nível do monte Campanário, um dos três picos que definem a serra do Pico da Antónia. No setor terminal conflui para a Ribeira de São João, desembocando no Porto da Gouveia. É um vale que apresenta vertentes com fortes declives e cornijas recortadas em basaltos. É de destacar nesta Ribeira a localidade de Santa Ana, entre os 400 e 500 metros de altitude. É uma localidade onde confluem as ribeiras de Furna, Ribeira Amargosa, Ribeira Hortelão e Ribeira Saco que nascem nas serras do Pico da Antónia. Assim, se compreende a relativa disponibilidade em água doce nos tempos idos e aspetos verdejantes deste vale, o que lhe confere uma paisagem convidativa à contemplação. Do ponto de vista turístico, alguns elementos podem configurar-se como atrativos turísticos nesta localidade, com destaque para a paisagem verdejante, a galeria de onde brota a água ao longo do ano, as vertentes escarpadas encimadas por cornijas talhadas em Formação de Pico Antónia, associadas a uma atividade agrícola essencialmente de cana sacarina e sua transformação nos alambiques locais.

Localidade de Belém 
A Ribeira de Belém nasce no ponto mais alto da ilha e tem cerca de 5km de comprimento. É um vale profundo. A jusante é percetível a Formação dos Flamengos, Complexo Eruptivo Antigo onde as primeiras lavas foram emitidas aquando da formação da ilha. A montante encontra-se a formação de Pico da Antónia. Na parte intermédia da Ribeira encontra-se a localidade de Belém. Pela sua altitude impõe uma paisagem fortemente marcada pelos sulcos, ravinas e barrancos resultantes da erosão hídrica. Nesta localidade, destaca-se o monte de Belém, um cone vulcânico da idade de formação do Monte das Vacas, com 572 metros de altitude. É um monte essencialmente formado por materiais piroclásticos e escoadas lávicas. Ergue-se sobre uma achada com uma altitude média por volta dos 400m. O fundo dos vales apresenta localmente manchas verdes, o que lhe confere uma beleza particular. Por se tratar de uma praia de calhaus rolados e dada as condições do local, é pouco utilizada para banho, a não ser pela população local. Pode-se aproveitar o local para promover passeios de botes até Rincão em Santa Catarina, pesca à linha, banho, contemplação e fotografia.

Baía de Covão Grande 
Esta baía localiza-se entre o Porto de Gouveia e o Porto Mosquito, a sudoeste do Monte Volta. No local existem pequenas lagoas onde se pode observar a biodiversidade marinha. Essas lagoas podem ser aproveitadas para relaxamento, banho de sol, piqueniques, ou simples observação da paisagem à volta. A par disso, é um local singular pela beleza das lavas submarinas, atravessadas por diques de basaltos que configuram autênticos túneis bastante impressionantes pela sua imponência.

Praia de Porto Mosquito

É uma localidade piscatória. É uma praia de pequena paisagem humanizada e o pôr-do-sol. Pode-se ainda apreciar o vale verdejante de Ribeira da Cidade que desperta a partir dali interesse em chegar ao pé para melhor apreciação.

Atrativos Histórico-Culturais

Centro histórico da Cidade Velha
Estamos na presença de um núcleo urbano fundado no séc. XV, localizado no sudoeste da ilha de Santiago no âmbito da expansão europeia. Neste local existem diversos monumentos histórico-culturais, desde religiosos, a militares e civis que testemunham a influência colonial na origem e na evolução da sociedade Cabo-Verdiana.

Sistema militar fortificado de defesa da cidade 
No centro histórico da Cidade Velha existem vestígios de vários fortes construídos nos primórdios da época colonial que serviam de defesa contra os sucessivos ataques de piratas e das pretensões expansionistas das potências europeias. Integram o património militar, a fortaleza real de São Felipe e pequenas ruínas de fortes como São Veríssimo, São Lourenço, Santo António e ruínas da Torre de Vigia. A Fortaleza Real de São Felipe, localizada na Achada Forte, na entrada da cidade, foi construída durante o reinado de Felipe I (Filipe II de Espanha) no séc. XVI. Trata-se de um edifício com estruturas em muralhas que contém vários canhões voltados para o mar e que se encontram em bom estado de conservação. Esse atrativo turístico é de fácil acesso, quer a pé quer de carro. A Fortaleza e a sua área envolvente constituem um autêntico miradour

Sé Catedral 
É a primeira Catedral construída na costa Ocidental Africana, por iniciativa de Frei Francisco da Cruz, terceiro Bispo de Cabo Verde. Começou a ser edificada em 1556 e ficou concluída apenas em 1700, devido às crises na instituição clerical, e também na sua relação com o poder monárquico. O seu declínio é contemporâneo à queda da própria cidade, devendo-se a uma grande intempérie e aos ataques dos piratas comandados por Jacques Cassard em 1712, ditando a saída do poder eclesiástico cidade. 

Capela de São Roque
Situa-se na parte alta da cidade, próxima da Fortaleza Real, no bairro Monte Sossego. Trata-se de um edifício de pequena dimensão que se encontra em bom estado de conservação. É um património histórico que deve integrar o roteiro turístico histórico cultural.


Pelourinho

Localizado no centro histórico da Cidade e construído no séc. XVI (1512) em mármore branco, é um dos mais pequenos monumentos da cidade, mas que possui um grande valor histórico pelo que representa, ou seja, é o símbolo do poder da administração colonial. No passado, serviu de local onde os escravos desobedientes eram açoitados em público.

É de fácil acesso e pode ser visitado a qualquer a hora do dia ou de noite. Encontra-se em bom estado de conservação. 

Rua Banana
É uma rua com casas pintadas de branco feitas de pedra rústica e cobertas de palha, que servia de moradia dos fidalgos Portugueses e Castelhanos. Foi a primeira rua que os Europeus construíram na África e apresenta até os dias de hoje o traço da arquitetura original datada do séc. XV. A partir desta rua pode-se apreciar a vegetação ao longo da Ribeira Grande, onde se praticam atividades agrícolas.  

Igreja de Nossa Senhora do Rosário

Constitui um dos mais antigos edifícios da Ribeira Grande ainda existente, sendo um dos raros exemplos da arquitetura gótica na África subsaariana (cúpula da capela lateral). Esta capela de estilo manuelino constitui o elemento fundador deste edifício. A chave da sua abóbada tem um selo que representa a cruz da coroa portuguesa. A igreja, cuja parte principal foi construída desde 1495, sendo o edifício em uso mais antigo de Cabo Verde, situa-se num promontório, tendo sido edificada em honra de Nossa Senhora do Rosário padroeira dos homens negros.

Igreja/Convento São Francisco
A sua construção iniciou-se na segunda metade do século XVII. Foi mandada construir por uma rica proprietária natural da ilha de nome Joana Coelho, o convento foi concebido para acolher os religiosos franciscanos, recém- chegados à ilha de Santiago. Também funcionava como centro de formação, onde os padres ministravam as aulas e ensinavam outros ofícios. Após a sua destruição no séc. XVIII, veio a ser restaurada a partir do ano 2000, desempenhando atualmente múltiplas funções, desde retiro dos padres e eventos, conferências. Este convento encontra-se localizado no vale da Ribeira Grande e está cercado por uma área de cultivo. 

Ruínas da Igreja/Hospital da Misericórdia
A Igreja da Misericórdia foi mandada construir pelo terceiro bispo de Cabo Verde, Frei Francisco da Cruz a partir de 1555. Em 1864 todo o conjunto da Misericórdia se encontrava em ruínas. O único vestígio aparente da igreja é a sua torre sineira de planta quadrangular recuperada em 2010. 

Capela de Nossa Senhora do Bom Caminho
Localiza-se na estrada que dá acesso a São João Baptista, mais concretamente, em Achada Barnelo. É uma capela com traços de arquitetura moderna, onde a Santa Padroeira é Nossa Senhora do Bom Caminho, comemorada no mês de maio. É acessível e encontra-se em bom estado de conservação. 

Capela São João Batista
Localizada em São João Batista, é uma capela de estilo arquitetónico colonial que se encontra em bom estado de conservação. Comemora-se ali a festa de São João Baptista, uma festa muito concorrida pelos santiaguenses. 

Capela de Gouveia
Esta Capela é de construção recente e apresenta um estilo arquitetónico mais moderno a par de alguns elementos que marcam a sua singularidade. Nesta localidade comemora-se a festa de N.S da Apresentação no mês de novembro. 

Capela de Santa Ana
É uma capela localizada no alto de Santa Ana, com uma arquitetura da época colonial. A festa do Santo Padroeiro comemora-se no dia 26 de julho. Esta festa atrai milhares de pessoas e é celebrada pela comunidade local com muita vivacidade. É uma festa bastante concorrida pelos emigrantes da localidade. 

Capela Nossa Senhora do Navegante
Localiza-se na zona de Porto Mosquito e devido à estrutura metálica instalada na parte frontal do edifício, fica reduzido o seu valor patrimonial. É uma capela com características semelhantes à de Gouveia. A Santa Padroeira é Nossa Senhora do Navegante que se comemora no mês de outubro. Conforme a tradição, faz-se também o Batismo do bote. 

Capela do Bom Pastor
É uma capela com cerca de vinte anos de existência de caraterísticas modernas que se encontra em bom estado de conservação. O Santo Padroeiro depende da festa de Páscoa, pois é comemorado quatro dias após a Páscoa, por isso a festa é irregular

Capela de São Pedro
Trata-se de uma capela com estilo colonial, localizada em Salineiro em que se comemora a festa do santo padroeiro no dia 29 de junho.